Recuperar direitos <br>e rendimentos
Na passagem pelo distrito de Santarém, no dia 9, João Ferreira insistiu na necessidade de preparar a saída de Portugal do euro como forma de recuperar rendimentos e direitos roubados.
O PS promete «mudança» tal como o PSD o fez há três anos
Na intervenção que proferiu numa sessão pública realizada no salão do cine-teatro Alfa, em Torres Novas, o primeiro candidato da lista da CDU ao Parlamento Europeu desafiou «os que defendem a manutenção do euro a todo o custo» a dizer que interesses estão a representar com essa sua posição. De facto, lembrou, desde a adesão do País à moeda única o endividamento externo disparou e o desemprego atingiu níveis inéditos desde o fascismo; a produção industrial recuou a níveis de 1996 e os salários também baixaram. Já os lucros e as fortunas aumentaram de forma considerável.
O actual deputado insistiu, então, na necessidade de preparar a saída de Portugal do euro, precisando que esta saída deverá servir para defender e recuperar direitos e rendimentos. Pelo que, garantiu, terá que ser protagonizada por um governo patriótico e de esquerda e não por um governo, como o actual, que trataria de fazer pagar pela saída do euro os mesmos que já pagaram tanto pela adesão – os trabalhadores, o povo e o País. Esta posição da Coligação, explicitou João Ferreira, não pode ser isolada da sua proposta mais geral de construção de uma política patriótica e de esquerda.
Tanto na sessão de Torres Novas como antes, num jantar no Entroncamento, João Ferreira lembrou as responsabilidades do PS na situação actual do País e na definição das políticas comunitárias, para as quais sempre contribuiu – tal como o PSD – para a sua aprovação. Para o candidato, o PS «promete mudança como antes o PSD prometeu mudança, como antes dele o PS prometeu mudança»: o que sucedeu foi o agravamento das condições de vida do povo e o atraso do País.
João Ferreira revelou em seguida que se faz acompanhar de uma cábula, com as medidas inscritas do famoso PEC 4, com o qual o PS se pretende desresponsabilizar pela chamada da troika. Propondo cortes em salários, pensões e funções sociais do Estado, aumento de impostos e privatizações, o PEC 4 era a política da troika sem a troika.
Intervieram ainda, na sessão em Torres Novas, a dirigente do PEV e quarta candidata da lista da CDU, Manuela Cunha, e a mandatária regional, Filipa Rodrigues, que se focaram na realidade distrital e no rasto de destruição e empobrecimento que três anos de pacto de agressão ali deixaram.
Defender a ferrovia
Antes, o candidato da CDU passara por Tomar, Abrantes e Entroncamento, tendo nestes dois últimos locais contactado com trabalhadores (e, no segundo caso, com utentes) da Mitsubishi e da CP, respectivamente. Nas conversas que foi possível encetar, num e noutro local, João Ferreira repudiou a intenção do Governo de atacar a contratação colectiva e recordou que foram PS, PSD e CDS que, em Portugal e no Parlamento Europeu, iniciaram o processo de desmantelamento do sector ferroviário nacional.
Como lembrou o candidato, nos últimos anos a CP foi dividida em várias empresas, várias linhas e ramais foram encerrados e os preços pagos pelos utentes dispararam. Ao mesmo tempo a EMEF é sabotada com a celebração de contratos de manutenção com empresas externas, com custos acrescidos para a CP.